Drão de Roma [Dezembro Caiu]

Drão de Roma [Dezembro Caiu]

Drão de Roma [Dezembro Caiu]

  • R$ 16,00

    R$ 20,00
Drão de Roma [Dezembro Caiu] foi escrito entre janelas da Santa Casa de Misericórdia da Bahia e o estúdio onde vivi, durante dois meses, na Ladeira da Gamboa de Cima. Tudo começou num domingo, dia 4 de dezembro, depois que cinco ou seis ou oito ou sete homens me acuaram em pleno Pelourinho, às 16h00, no meio de uma multidão de olhos silenciosos. Uma daquelas mãos levou minha máquina com as imagens que haviam sido feitas durante a procissão de Santa Bárbara, a santa vermelha, e seus dez andores. Foi como se alguém tivesse expurgado de mim um fragmento da sua própria memória (a deles), e da minha, justamente no momento em que eu fazia parte da equipe que inauguraria o Museu da Misericórdia, no centro de Salvador. Ou seja, trabalhávamos, a poucos passos dali, na preservação de uma história que vem sendo construída a partir do século XVI. Fiquei imaginando como seriam as fotografias que agora já pertenciam a outros.

Drão de Roma é sobre esse dilema. Talvez seja um poema cego. Seus personagens são fictícios até onde o ato de violência que os fez nascer pode ser. Não é, portanto, nem uma resposta, nem um apelo. É abismo como água embrulhada. A referência ao verde verdaccio (pigmento usado como base de preparação para a pintura) sugere um rito de passagem entre a palavra e os personagens que aqui estão, vida e morte, e as camadas de uma pintura que, aos poucos e ao mesmo tempo, surgem e desaparecem. Essa técnica faz com que o resultado final se aproxime da fotografia. O homem do número seis não me pertence. Pertence a Pierre Verger, foi ele quem o viu, lá pelo final da década de 1940. Aqui aparece como um alento, um embate entre a doçura de um tempo passado e outro, um mundo muito mais perverso, hoje. As palavras que desconheço surgiram de outras vozes. Zambira Macuna só existe dentro de mim. Foi a ela que me apeguei para salvar aqueles sessenta dias, o poema, e a mim mesmo.
Características
Autor Diógenes Moura
Biografia Drão de Roma [Dezembro Caiu] foi escrito entre janelas da Santa Casa de Misericórdia da Bahia e o estúdio onde vivi, durante dois meses, na Ladeira da Gamboa de Cima. Tudo começou num domingo, dia 4 de dezembro, depois que cinco ou seis ou oito ou sete homens me acuaram em pleno Pelourinho, às 16h00, no meio de uma multidão de olhos silenciosos. Uma daquelas mãos levou minha máquina com as imagens que haviam sido feitas durante a procissão de Santa Bárbara, a santa vermelha, e seus dez andores. Foi como se alguém tivesse expurgado de mim um fragmento da sua própria memória (a deles), e da minha, justamente no momento em que eu fazia parte da equipe que inauguraria o Museu da Misericórdia, no centro de Salvador. Ou seja, trabalhávamos, a poucos passos dali, na preservação de uma história que vem sendo construída a partir do século XVI. Fiquei imaginando como seriam as fotografias que agora já pertenciam a outros.

Drão de Roma é sobre esse dilema. Talvez seja um poema cego. Seus personagens são fictícios até onde o ato de violência que os fez nascer pode ser. Não é, portanto, nem uma resposta, nem um apelo. É abismo como água embrulhada. A referência ao verde verdaccio (pigmento usado como base de preparação para a pintura) sugere um rito de passagem entre a palavra e os personagens que aqui estão, vida e morte, e as camadas de uma pintura que, aos poucos e ao mesmo tempo, surgem e desaparecem. Essa técnica faz com que o resultado final se aproxime da fotografia. O homem do número seis não me pertence. Pertence a Pierre Verger, foi ele quem o viu, lá pelo final da década de 1940. Aqui aparece como um alento, um embate entre a doçura de um tempo passado e outro, um mundo muito mais perverso, hoje. As palavras que desconheço surgiram de outras vozes. Zambira Macuna só existe dentro de mim. Foi a ela que me apeguei para salvar aqueles sessenta dias, o poema, e a mim mesmo.
Comprimento 21
Edição 1
Editora FUNDACAO CASA DE JORGE AMADO
Largura 11
Páginas 52

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